sexta-feira, 17 de agosto de 2007


terça-feira, 7 de agosto de 2007

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste: sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,

não sinto gozo nem tormento.

Atravesso noites e dias no vento.
Se desmorono ou se edifico,

se permaneço ou me desfaço,— não sei, não sei.
Não sei se fico ou passo.
Sei que canto.

E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:E mais nada.

*CECÍLIA MEIRELES