quinta-feira, 22 de março de 2007

SOMOS QUEM PODEMOS SER?

É uma tarefa árdua para qualquer pessoa definir a si mesmo. Nunca somos suficientemente corajosos para tentar descobrir nós mesmos. Escondemos nossa verdadeira face. E escondemo-la em meio às outras pessoas, tentando ser o que não somos. Às vezes penso que vivemos num mundo onírico, ilusionário, onde as pessoas que nos cercam no mundo social cotidiano é que ditam a nossa existência. A máxima do “conhece-te a ti mesmo” se aplica para poucos. Não é fácil ser você mesmo. Para conhecer a si mesmo, mister se faz esquecer os pré-conceitos, ou seja, afastar-se de todos conceitos pré-existentes, como mitos, religiões, valores morais, opiniões. E isso é praticamente impossível para o homem comum. É difícil ser alguém que realmente queremos ser. É impossível não se influenciar pelo que a sociedade e os valores sociais queiram que você seja. Não temos escolha. Não temos livre-arbítrio.Ah, que falácia é esse tal livre-arbítrio!

Desde que nascemos somos imbuídos a viver a vida que a sociedade nos impõe. Somos educados, adestrados, amansados para sermos quem a sociedade quer que sejamos e não podemos escolher de outro modo.Não nos perguntam se queremos ser o que querem que sejamos.Apenas seguimos um caminho pré-constituído até nos juntarmos à massa. Somos apenas um tijolo no muro. E tijolos no muro não escolhem onde nem como querem ser colocados. Apenas são colocados. Não tem opinião própria e não conversam com o cimento, pra saber por que estão ali tão juntinhos um do outro, sendo manipulados por mãos que nem sabem da sua existência. É duro aceitar isso.

Quais são as nossas motivações? O que quero ser? Quem desejo me tornar?
Tento buscar a verdade. Mas não é fácil buscar a verdade dentro de si mesmo. É árduo e tortuoso analisar a própria existência. É muito mais fácil sermos julgados pelos outros e deixarmos que o juízo de valor seja dado por eles. Definitivamente mais simples. Para isso, basta a aparência. Basta mostrar sermos algo que determinada pessoa ou determinado grupo em especial queira. Assim, escondemos a verdade de nós mesmos e deixamos que as referências pessoais que temos sejam conceituadas por um grupo.

Às vezes sinto-me medíocre. Aliás, sempre me sinto medíocre. Medíocre no sentido pejorativo por também ser medíocre no sentido de ser um homem-médio. É péssimo ser um homem-médio. Ter os mesmos anseios, pensar as mesmas futilidades que qualquer ser é induzido a pensar.Sinto-me sem visão, correndo atrás de objetivos materiais que nem sei se são os que quero realmente. Apenas são os que a sociedade quer que eu almeje. Sucesso profissional, dinheiro, uma vida confortável, uma bela mulher, respeitabilidade, status. É o que todos queremos. Nenhum de nós jamais ousou escolher ser algo além disso. Mas, o que se pode desejar, além disso? Sinceramente, minha experiência nesse mundo não me deixa responder a essa pergunta.

5 comentários:

Joana disse...

como é bom ter alguém pra compartilhar anseios, duvidas, vontades... devaneios!
como é bom ter vc meu lindo... parabéns pelo texto!

Joana disse...

aiaiiaiia.... texto de quando eu ainda podia dar pitaco!
essa minha vida de ex editora...

Unknown disse...

Vc ainda é a editora-chefe!
só q anda muito omissa ultimamente...rsrs..tenho q segurar as pontas!

Clara Mazini disse...

Para mim qualquer definição é impossível, pq qualquer homem acaba sendo muitos, e talvez esteja nessa pluralidade qualquer coisa próxima da identidade.
Adaptável, diria. Como a boa metamorfose ambulante.

Diogo Lyra disse...

Salve companheiros de devaneios!
Lendo o texto de apresentação do blog eu me lembrei de uma frase do Sartre que é a cara deste espaço:
"Os loucos trilharão caminhos que mais tarde serão descobertos pelos sábios".

* ah, eu sou o cara cuja história está sendo narrada pelo grandioso Arthur, do Absurdosturos! Eu vi um comenário da Joana por lá e resolvi dar um confere. Me amarrei!!!
Abraços.